Com o objetivo de incentivar o gosto pela literatura, e, principalmente estimular a criação dos próprios textos nos alunos do 9º ano, a professora de português, Vírginia dos Anjos, pediu que todos elaborassem uma redação livre com a seguinte proposta:
Redação Criativa:
Descrever um prédio visto por um homem cujo filho acaba de morrer em um assalto. Não mencionar as palavras “filho, assalto e homem" .
Diante de tantas produções, a aluna Laura Arruda, foi a que mais se destacou.
Abaixo, a sua produção:
________________________________________________________________________
O Lugar
- Ah! Esse
prédio... Azul, branco e bege, grande, janelas pretas, portões brancos, gramado
na frente... Ah, como é lindo não é, papai, eu um dia ainda vou morar aqui! – dizia
Arthur ao seu pai.
Todos
os dias Carlos – trabalhador, dedicado, humilde e apaixonado por seu menino –
levava e buscava Arthur todos os dias na escola e sempre, passavam pelo mesmo
caminho, em frente aquele prédio.
Arthur
foi crescendo e crescendo... Mas, aquele prédio nunca foi mudado, já se passara
uns anos, e sempre tudo foi do mesmo jeito e Arthur nunca tirou da cabeça a
ideia de morar lá um dia.
- Pai,
pronto. Já assinei todos os papeis, aquele apartamento, número 601, é meu, é
meu pai ! –Dizia Arthur, muito feliz, por ter realizado um de seus sonhos.
Mas, um dia, toda felicidade de acaba. Arthur
é assassinado, com dois tiros na cabeça e além de tudo, o acontecimento foi em
frente àquele prédio...
Carlos, ainda sem saber de nada, passa por
ali, voltando do trabalho, quando tropeça e olha para o chão e vê seu menino,
deitado no chão, morto. Ali, naquele momento, tudo se escurece. Nada faz
sentido. Tudo parece perder a razão.
Passaram-se
anos e anos...
Carlos,
ainda inconformado, decide passar em frente o prédio, para reviver um pouco
aquele passado tão triste, talvez uma tentativa de aceitar o inaceitável.
Quando
ele chega ao lugarzinho em que Arthur foi morto, passa um filme em sua cabeça
de tudo. Carlos se ajoelha, fecha os olhos e diz:
- É, meu
menino, um dia, eu estava segurando sua mão, aqui, quando você ia cair, você tropeçou
em uma pedra e eu te segurei, para impedir que machucasse, você tinha só 7
anos. Você amava este lugar, este prédio; lembro-me do dia em que você chegou
em casa me contando que tinha realizado seu sonho, tinha comprado um
apartamento aqui. Sinto como se neste momento eu voltasse no tempo e o revisse.
Meu pequeno menino, um dia eu segurei sua mão e te dei forças, quando você
queria desistir, hoje eu te peço – e nesse momento, uma lágrima se escorre por
seu rosto – eu te peço, segura minha mão e me guia. Preciso de você, para
continuar sorrindo, para continuar vivendo. Te amei até mesmo antes de você
nascer e te amarei até quando eu for embora desse mundo, dessa vida, nada vai
nos separar, meu menino, sinto como se nesse momento você estivesse aqui, ao
meu lado, me abraçando. Eu te amo, meu pequeno grande menino...
Laura Arruda – aluna do 9º ano do Ensino Fundamental